sábado, 17 de abril de 2010

Licença, poética

Ela disse
que não sabia se decidir por coisas excludentes
entre si
porque não agüentava o desfazer-se

Fui eu então
que me desfiz
em mil partes
para não parti-la o coração

E saí com o meu em migalhas

Mas por que se importar?
Se eu puder ter seus olhos
ainda
Qualquer manhã sem ela será, de qualquer forma,
uma manhã.

Só não terei seus olhos nos meus...


Para cada dormir, uma noite vazia
sem a eficiência de madrugadas ativas
pensando.
Mas é melhor a integridade
física
e,
principalmente,
mental.

Não, eu não me sinto sortudo
como diria a canção
- só se for na acepção do tom melancólico
de quem a cantou

Minhas mãos estão tão secas
quanto o dia que fez hoje.
E frio.
Há um frio de despir-se
e tremer
- arrepio se sente ainda com várias camadas

ou com um toque


E de repente, como ela ressurge
com um brilho de sol
refletindo nas mil paredes de cal


Qualquer manhã sem ela
pode ser uma manhã
mas acordar sem tê-la ao lado
é quase loucura
e não adianta parar de pensar
nas madrugadas
conscientemente
se até meu inconsciente já se perdeu
e sonhar é tê-la
mas não tê-la mais é perdê-la a cada vez mais, de novo
e a mim.