quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Não estou só, mas
sinto-me
e preciso estar.
Esta casa virou um cortiço desde que chegaram noras e primos,
gente de mais e cômodos de menos para se esconder.
A lua hoje me acordou ao nascer;
meus horários estão mais confusos que minha cabeça.
O fato é que ela adentrou o quarto
deu-me um abraço
e ficou a espreita.
Eu a namorei até não poder mais vê-la.

A lua só não é mais melancólica por ser tão bela
e deixar todos bobos e melancólicos,
mais que ela própria.
Melancólicos ou alegres, decerto
mas certamente eu não me encaixaria no segundo grupo neste exato momento.

Espero o relógio bater a próxima hora
não tenho um objetivo certo, mas estar deitada e ouvir um blues me apraz.
Penso que tanto faz se ele viesse
mas continuo chateada
e tentando me sentir indiferente.

O silêncio de repente domina a casa:
a anciã se recolhe às oito da noite
e os demais ainda não chegaram.
A cabeça até dói nessas ocasiões
onde o silêncio faz com que até as respirações sejam mais significativas,
quem sabe dolorosas...

Eu costumo não pensar quando deveria
e pensar demais quando deveria parar.
Meus olhos ardem e resolvo então
esquecer que ainda estamos na metade da semana,
ir a um bar qualquer
tomar a bebida que me convier
e dormir um sono justo
por todas essas horas inquietas.

"Diga boa noite e vá".
Boa noite. E pelo resto dela,
boa sorte para mim.